Como montar uma coreografia clássica.

Pois é, cedo ou tarde quem faz dança do ventre depara-se com este enigma. O desafio, porém, não é nenhum bicho de sete cabeças e não é necessário ter anos e anos de experiência para montar uma coreografia dessas. É claro que a experiência colabora com uma dança mais limpa, variedades de passos e técnicas apuradas. Existem algumas regrinhas bem simples que facilitam muito. Lápis e papel na mão e vamos lá:
1) Introdução
Escolha uma música da sua preferência, que você goste e que se sinta bem ouvindo, pois você irá escutá-la diversas vezes.
2) Roteiro
No primeiro momento ouça a música para montar um roteiro de deslocamento. Ou seja, faça um desenho do caminho que você pretende percorrer, onde pretende parar, quando voltará a se deslocar e para que direção irá fazer a finalização. Faça um esforço, você vai cair na tentação de ficar criando passinhos e movimentos que combinem com a música. Mas essa é outra etapa.
Aproveite este momento para decidir se você irá usar algum acessório na entrada, qual será ele e quando você irá deixá-lo.  Lembre-se de pensar no seu público. Já falamos aqui nas videotecas sobre os públicos de palco (em três direções) e os de salões (quatro direções).  Use estes exemplos para decidir como irá  se movimentar e chamar a atenção da plateia.
2) Mapeamento da música
Feito tudo isso, pare para estudar a música. Você deve fazer uma análise muito atenta dos ritmos utilizados, em que momentos há transições e localizar as paradas mais fortes e taqsins. Para isso você deve estar com o ouvido afiado. Claro que alguns ritmos são fáceis de confundir, por isso, pesquise. Os ritmos aqui do Cadernos com certeza vão ajudar você nessa missão.
3) Aplicar mapeamento ao roteiro
Agora que você já sabe a ordem em que os ritmos aparecem, suas características e a melodia da música veja como isso tudo se encaixa no seu roteiro de deslocamento. Em que trecho você vai estar se deslocando? Quando você planejou ficar parada, qual é o ritmo? Será que não é melhor optar por parar de se deslocar em outro ritmo? Pense em todos os detalhes, pois já está chegando ao final!
4) Movimentos e sequências
Finalmente, depois de estudar muito bem a música e o seu espaço, é hora de pensar nos passos. Comece pensando nos ritmos, eles sempre trazem consigo uma série de passos que podem ser utilizados. Saidi, por exemplo, chama batidas de quadril fortes e acentuadas, básico egípcio. O Malfuf, por sua vez, pede passos de deslocamento rápido, como caminhadinhas e passeio no bosque. Depois, pense em sequências-chave para os principais momentos.
Você não precisa coreografar uma música clássica inteira. Prepare-se bem, não perca o ritmo e deixe-se levar pela melodia e ritmo para improvisar. O clássico também exige isso da bailarina: dançar com o coração.
Faça o máximo para não trocar de música durante todo esse processo, mas se você se cansar, não se desespere. Muitas coisas podem ser aproveitadas na sua próxima escolha. Com este modelinho você será capaz de montar uma coreografia simples e bonita de clássico. Agora é a sua vez de lembrar do seu repertório de passos para criar algo elaborado e diferente.
*** Colaborou com este post:  Samra Hanan – Graduada em educação física. É professora de educação física e dança do ventre. Pós-graduada em dança e idealizadora do Grupo Simbiose.

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